Crítica: A Médium
Com direção de Banjong Pisanthanakun, o filme “A Médium” tem um bom diferencial em sua introdução documental, o que deixa o filme com um realismo surpreendente. E a aposta em deuses de outras culturas, também ajudou a mudar as mesmices do terror católico.
A trama começa bem leve, sem nenhum susto, onde o espectador vai acompanhado como se fosse uma história real e tranquila. A narrativa é tão convincente que, quando as coisas começam a acontecer, fica aquela pitada de dúvida se tudo aquilo, talvez, tenha acontecido mesmo. Contada por Nin, uma médium que reside em uma pequena comunidade da Tailândia, ela explica que foi escolhida desde criança para ser médium e que isso é passado como herança para os filhos. Contudo, Nin não teve filhos, mas sua irmã sim, e as mesmas coisas que a afetaram na época em que iniciou os trabalhos, começaram a afetar sua sobrinha Mink, que é cética quanto à religião da sua localidade e não acredita que está sendo escolhida para ser a próxima médium da cidade. Ela desdenha, mas vê coisas e passa por situações fora do comum.
Com o passar do tempo, as coisas vão piorando para Mink e Nin tenta interferir. Ao perceber que não se trata de sua entidade tentando trazer a menina para ela, mas de alguma outra coisa perigosa, Nin fica apavorada e pede ajuda aos médiuns locais. Mas o que está na menina é algo aparentemente incontrolável. Após revelado do que se trata, o filme ganha imagens perturbadoras. Os rituais feitos para a expulsão do mal também são muito pesados, com sacrifícios de boi, objetos perturbadores e rituais sinistros, tudo bem diferente dos clichês de filmes de exorcismos católicos.
Mas nem tudo nesse filme escapa do previsível em filmes de terror, pois as cenas clássicas de possessão e sustos estão presentes. Algumas cenas também lembram muito aos filmes de “A Bruxa de Blair”, devido a algumas tomadas feitas na floresta. É possível perceber diversos outros elementos de filmes do gênero, mas essa mistura de tudo o que é assustador e em um ambiente novo, com uma cultura diferente da que normalmente é representada nos filmes, torna-se um diferencial, havendo vários elementos desenvolvidos para lhe surpreender.
Enfim, A Médium é um dos filmes mais perturbadores de todos os tempos. Obviamente quem o assiste, não gostaria de estar na pele de Mink, nem tão pouco ser um parente próximo dela.