Crítica: Filme Megan
Com criação de James Wan e produzido por Jason Blum, Megan é o mais novo filme de terror na categoria bonecos assassinos, porém o filme tem características muito mais voltadas para ficção científica do que para terror, já que o maior medo que senti foi pela boa questão sobre tecnologia deixada em aberto.
Talvez tenham se equivocado no gênero do filme, pode ser que a intenção era colocar medo nas pessoas que tinham pavor dos filmes de Chucky e Annabelle, tirando isso, mas não é um daqueles filmes de terror que te deixa sem dormir e querendo jogar fora todas bonecas que tiver em casa. Já a questão da tecnologia IA (Inteligência Artificial), essa sim assusta, pois é algo muito mais condizente com nossa realidade. A ideia de uma máquina que aprende praticamente tudo sozinha através de dados da Internet, onde ela capta comportamentos humanos, que se diga de passagem não é um lugar com bons exemplos do comportamento humano, para interagir com uma criança e ser sua companheira, ensinando-a e protegendo-a através desses dados, obviamente tinha tudo para dar errado. E essa pode ter sido a melhor parte desse filme, a possível crítica que o filme traz da relação da tecnologia com o homem. Até onde esses equipamentos que nos cercam e ganham cada vez mais autonomia, podem ser realmente bons para nossa vida? Até onde temos controle sobre as máquinas? Essas questões tão reais são o verdadeiro terror do filme.
No final do filme, e aqui vai um pequeno spoiler, fica aparentemente aberta uma pauta para continuidade do filme, passando a ideia de que essa tecnologia do mal estará presente na vida das protagonistas para sempre e poderá segui-las por onde quer que elas estejam. E isso não é impossível, já que quase tudo está conectado, hoje em dia. Cabe às pessoas que trabalham com essas tecnologias terem um olhar mais crítico para o que estão criando e analisar tudo o que isso pode vir a fazer de bom, ou não, para a raça humana.
Quanto às personagens principais do filme, Gemma, que é interpretada pela atriz Alison Williams, é uma mulher totalmente independente que está vivendo uma vida focada no trabalho e em ter sucesso na empresa onde trabalha desenvolvendo brinquedos de ponta. Contudo sua irmã sofre um acidente e vem a falecer, e ela se vê na obrigação de pegar a guarda de sua sobrinha Cady, interpretada pela atriz Violet McGraw, que vem posteriormente a ganhar a boneca Megan. Cady acaba se apegando a boneca mais do que a sua tia, que está focada em trabalhar e ter sucesso. Aparentemente Gemma não tinha mentalidade de ter uma família e tem dificuldades de se relacionar com a sobrinha, por isso acaba desenvolvendo essa boneca para deixar a sobrinha distraída e cuidar dela, enquanto ela alcança mais rápido ainda seu objetivo nos negócios. Um ato aparentemente egoísta, já que prejudica a sobrinha, mas também mostra uma realidade atual para algumas mães, que querem ser bem-sucedidas sem deixar de ter uma família, que quando acabam não balanceando bem, expõem demais a criança a tecnologias, sem nenhum ou com pouco controle.
No mais esse filme também conseguiu ser superengraçado e dramático, ao ponto de te fazer chorar. Seu terror possui as características clássicas de filmes do gênero, já bem conhecidas, como: os sons para te induzir a ficar tenso, logo em seguida os sustos, as cenas feitas à noite, o clichê de tudo de mal só acontecer no período noturno e incrivelmente ninguém ligar a luz, preferindo seguir um barulho no escuro. Enfim, tem de tudo nesse filme e por conta dessa mistura toda, muito bem dosada, o filme tá nota dez. Vale à pena assistir e tirar suas próprias conclusões da mensagem que é passada, ou apenas aproveitar o clima de medo e pensar que a Megan já possa estar na sua casa.