Crítica: Boa Sorte, Leo Grande
“Boa sorte, Leo Grande” é um filme sobre sexo, mas praticamente sem sexo. O ponto chave desse filme é falar sobre o sexo e tudo o que impede e inibe as pessoas de viverem a satisfação total na cama. Com questões voltadas mais para o público feminino, a narrativa conta a história da personagem Nancy Stokes, uma ex-professora, agora aposentada, que dava aulas de religião. Após dois anos da morte de seu marido e com seus dois filhos já grandes, com suas próprias vidas, ela resolve contratar um garoto de programa bem mais novo do que ela. Ele leva o nome do filme, Léo Grande, nome fictício de profissão.
A história gira toda em torno desses dois personagens, o que poderia fazer dessa trama chata e lenta, mas não é o que acontece. São inúmeras situações que deixam esses diálogos interessantes, pois abordam questões que podem ser um problema de muitas pessoas, principalmente das mulheres, já que uma das questões mal resolvidas da personagem é que ela nunca teve um orgasmo. Ao detalhar sua vida, criação e como foi seu casamento ao longo dos anos, percebemos o quão frustrante pode ser não ter uma vida sexual saudável e como isso pode afetar a autoestima e a felicidade, tudo isso mesmo diante de uma idade relativamente avançada.
Outro ponto interessante é ver como uma autoimagem negativa pode ser prejudicial ao sexo. Religião e criação também podem fechar a mente e prejudicar o desempenho sexual. Na narrativa fica claro que os problemas não se resumem a algo físico, mas que Nancy está passando, principalmente, por problemas psicológicos. Barreiras que, ao longo de sua vida, foram se levantando e agora ela precisa derrubá-las para ter a satisfação completa. Logo fica claro que o sexo começa primeiro na cabeça e é lá que Nancy precisa começar a trabalhar.
A questão da idade também é um ponto muito interessante, a personagem é bem mais velha, mas nem por isso ela se vê com desejo em pessoas da mesma idade que ela. Isso mostra que pessoas com idade avançada também sentem desejos sexuais e não necessariamente por pessoas da faixa etária. Nancy deixa isso mais claro quando fala de suas amigas, também frustradas sexualmente. Aparentemente, elas querem homens mais jovens para satisfazê-las. Uma quebra de tabu, que pode causar desconforto em alguns e considerado até imoral por outros. Curiosamente, o oposto, homens com idade avançada querendo mulheres mais jovens, parece ser um assunto mais normal e comum. Mas a verdade é que mulheres também têm o mesmo direito, tanto quanto homens.
Esse é um excelente filme de aceitação, quebra de tabus, liberdade mental e sexual, mas que também contém muitas cenas quentes e excitantes. O final é bem impactante, mas com uma linda mensagem libertadora, voltada para todas as mulheres que se prendem em estereótipos perfeitos e muitas vezes inalcançáveis.