Livro: Não sou uma boa garota
Esse livro é de 2021 e foi escrito por Jessie Ann Foley. Jessie é uma autora premiada e alguns de seus livros aparecem como leitura obrigatória em escolas do mundo inteiro. Ela trabalhou por dez anos como professora do ensino médio, mãe de três filhos, afirma que escreve para viver. Suas histórias são romances para jovens adultos, mas também contos, ensaios, livros infantis.
O livro “Não Sou Uma Boa Garota” é descrito como um romance de adolescente rebelde, voltado para jovens, mas é mais profundo que isso. Ele aborda assuntos de abusos sexuais que as mulheres, algumas vezes ainda muito jovens, passam e, por nem mesmo entenderem, acabam abafando seus sentimentos, calando seus pensamentos e ignorando a voz que diz que há algo errado, acabam se culpando de algo que elas não têm culpa, começam a acreditar que são “lixo” e que merecem ser tratadas como tal. Muitas das vezes, por não possuírem pais presentes, acabam gastando suas energias em coisas erradas, como drogas, bebidas e sexo sem compromisso, desrespeitando os seus corpos e a si mesmas, tudo para não encararem a dor que sentem do trauma. Claro que isso não se aplica a todas as mulheres, mas provavelmente a maioria passa por algo parecido.
O livro conta a história da protagonista Mia Dempsey, que tem 17 anos, é inteligente, durona, engraçada, mas, de uma hora para outra, as pessoas começam a vê-la como uma garota problema. Depois de passar por uma experiência traumática e não ter com quem contar, pois seu pai, o único com quem ela ainda falaria, está casado com uma madrasta que não morre de amores por ela. E para piorar, ele ainda está tendo que lidar com duas filhas gêmeas, recém-nascidas, não notando que sua filha estava precisando de ajuda.
Com isso, os problemas foram se acumulando na vida de Mia e cada vez mais foi suas atitudes foram ficando destrutivas. Ela passou a ter notas péssimas na escola, a consumir bebidas alcoólicas em excesso e, por fim, num ataque de raiva, resolveu dar um soco na madrasta. Este último se torna a gota d’água e Mia é enviada para um internato, distante de qualquer lugar civilizado, para ser corrigida, já que seu pai e sua madrasta sentem ter perdido o controle sobre ela. Agora, perdida entre dor e revolta, Mia se vê obrigada a fazer terapia e olhar para sua vida, e entender por que faz escolhas tão devastadoras. Quando percebe como tudo começou, ela mesma fica desacreditada.
Enfim, o mais impressionante sobre esse livro é saber que histórias de mulheres reais serviram como inspiração para a história de Mia, como é relatado pela escritora na página de agradecimentos. E o mais triste, é saber o quanto isso é comum. Talvez os pais devessem ler esse livro tanto quanto os adolescentes, pois quando um filho que tem um comportamento bom, do nada muda, não pode ser julgado somente como um “aborrecente” ou, na linguagem do livro, um adolescente problemático. Isso pode ser um alerta que todos os pais devem estar atentos e recorrer a ajuda psicológica, caso uma boa conversa não seja o suficiente.