Livro: Lady Killers
Um livro com uma aparência linda, na cor rosa, com capa dura, rico em detalhes e ilustrações, contendo 384 páginas, mas, ainda assim, um livro leve. A beleza visual deste livro foi a primeira coisa que me encantou, mas quando comecei a ler, me deparei com algo que nunca tinha parado para pensar: que não existem só seriais killers masculinos. Talvez essa ideia, nunca tenha vindo à mente devido aos homens matarem de forma mais sanguinária, com facas, armas, estupros e esquartejamentos, enfim um serial killer que deixa cenas de te dar pesadelos a noite. Porém, nem sempre se precisa de sangue e cenas fortes para caracterizar uma pessoa como serial killer, e as mulheres deste livro deixam isso bem claro.
Baseado em fatos reais, esse livro, escrito pela Tori Telfer, faz a recriação de histórias de serial killers femininas através dos séculos. No livro, ela diz que foram feitas muitas pesquisas e em algumas teve grande dificuldade de coletar dados, devido a forma como os crimes foram cometidos, muitos sorrateiramente, e claro, por ser tratar de mulheres. Em sua maioria, o problema em questão foi acreditar que mulheres podiam matar de forma tão fria e calculista, o que não as deixavam fichadas e nem com direito de sair nos noticiários. A falta de credibilidade, acabava por fim deixando essas assassinas livres, e mais crimes surgiam.
Essa obra mostra a percepção de que mulheres podem ser assassinas tão frias quanto os homens, tão cruéis e perigosas, e com o agravante de passar despercebida pela sociedade. Mesmo depois de alguns crimes confirmados por elas mesma, no decorrer dos séculos elas não ficaram mais temidas, como o Jack Estripador por exemplo, que até hoje causa arrepios ao ter seu nome citado. Elas, pelo contrário, quando citadas acabam ganhando conotações de sensualidade e viram fetiche entre os homens ou, quando dependendo da situação, se não forem minimamente atraentes pela época, ganham a mistificação de bruxas.
Contudo o livro não mostra nada sexy ou sensual, mostrando mulheres que mataram de forma fria e cruel, sem remorsos ou ressentimentos. Os homicídios variam, mas quase sempre motivados por dificuldades econômicas, outras por ganancia, abusos sexuais, casamento ruim, crimes passionais e até por não querer ser mãe. O que mais assusta nas histórias é que qualquer uma de nós mulheres podemos nos identificar com elas, mas o que nos torna diferente? Não possuir psicopatia, na maioria das vezes.
Essas mulheres, aparentemente tomaram o gosto por matar e por se livrar das pessoas como se elas fossem apenas uma pedra em seu caminho, um perigo, pois qualquer coisa poderia ser um obstáculo para elas. Nota-se que a maioria não se satisfez apenas com uma morte, isso incluindo seus filhos e pais, amigos, qualquer um que fosse próximo poderia ser a próxima vítima. Foram relatadas histórias que me deixaram de cabelo em pé, onde acredito que não há como justificar e nem sequer defender.
A maioria das histórias, são por envenenamento, algumas em sororidade, até passavam receitas de veneno uma para as outras, para ajudar a se livrar de marido ou filhos que estivessem atrapalhando seu caminho. Elas os viam sofrerem até a morte, às vezes por dias, semanas e até meses, sem sentir nenhuma comoção, pelo contrário, continuavam dando cada vez mais doses do veneno, até a pessoa sucumbir. Raros casos, em que alguns sobreviviam, mas a maioria não teve a mesma sorte.
Enfim, foi um livro que mostrou até onde uma pessoa pode chegar, seja homem ou mulher. A questão é não subestimar ninguém, seja ela uma boa velhinha com carinha fofa, que te oferece um café com bolinhos quentinhos ou um bom velhinho que parece não se caber em suas pernas. Todos podem ser um perigo fatal, não estando escrito em seus rostos que são serial killers. Não há diferença nenhuma entre crimes cometidos por mulheres ou por homens, a única diferença, nos casos do livro, foi que elas foram subestimadas, cometeram crimes que, se não tivessem perdido o controle, ninguém nem sequer saberia, ou desconfiariam delas.